Desabafo

Angústia! Desespero! Ansiedade! Vontade de gritar, chorar, encontrar alguém pra ouvir as palavras que eu nem sei o quero dizer.

Vontade de desistir, vontade de jogar tudo pro alto. 

Só queria chorar, colocar pra fora todo esse desespero da alma, essa aflição de espírito,  me desprender dessas mãos invisíveis que insistem em apertar meu pescoço, tornando cada tentativa de respirar um grande sacrifício.

Vontade de Game Over. Vontade de poder voltar e começar a vida inteira do zero, ser outra pessoa, em outro tempo, em outro lugar.

Desesperada por encontrar o sentido da vida, meu lugar no mundo, a razão de se estar aqui.

Vontade de ter um dia de insanidade, sair gritando, jogar as coisas pro alto, falar as verdades que engolimos em nome da boa política, deletar memórias, excluir pessoa da vida real, pular da ponte sem olhar para trás enquanto a brisa toca suavemente a face antes do impacto.

Fugir do mundo, parar o tempo, adiantar o tempo, viver pra sempre, parar de viver.

Vontade de ser dono do mundo, mandar em todas as coisas, ter controle sobre tudo, e fazer tudo acontecer.

Mas enquanto aguardo as etapas do processo tudo o que posso fazer é me manter sorrindo, fingindo demência pra minha própria loucura, responder a todos que está tudo bem e que estou super confiante, só posso dizer que logo tudo vai dar certo, mentir pra mim mesma, sussurrar pro meu ouvido que logo tudo isso vai passar, que eu aguento, que é fácil, que é normal, que é assim mesmo.

É sonhar uma noite com os abraços saudosos e gostosos de despedida porque tudo deu certo, e na outra noite acordar chorando com o pesadelo do visto negado.

Não sei descrever toda essa insanidade de sentimentos que estou vivendo. Não tenho equilíbrio emocional para escrever sobre o processo.

Hoje só tenho meu desabafo, minha dor reprimida, meu desespero de não ser dona do tempo, de não poder controlar meu mundo.

Hoje só tenho minha humanidade expondo meu lado mais frágil. 

 Hoje só tenho cacos, pequenos fragmentos dos pedaços que sobraram de mim.